domingo, 9 de julho de 2017

Você cria seus filhos para o mundo? Rafael Rueda Muhlmann

Meu nome é Rafael Rueda Muhlmann e este blog é a tentativa de compartilhar um pouco das experiências vivenciadas por um pai de quarenta e um anos com três meninos.

Nesta última sexta-feira (07/07/2017), meu filho mais velho, o Gabriel de 16 anos, partiu rumo a uma nova jornada, um intercâmbio de um ano em Los Angeles nos Estados Unidos. 

Rafael Rueda Muhlmann na despedida do filho Gabriel
Rafael Rueda Muhlmann e alguns amigos na despedida do filho Gabriel

A despedida no aeroporto foi carregada de emoções, com um misto de alegria pelo crescimento dele e tristeza pela saudades que fica no despedida.

Amigos e família na despedida do Gabriel
Partindo para o intercâmbio: Amigos e família na despedida do Gabriel

Sei que sou suspeito para falar, afinal sou o pai dele, mas sem dúvida aqueles que o conhecem devem concordar que o Gabriel é um ser humano maravilhoso, um filho que sempre me enche de orgulho por seu caráter, bondade, senso de justiça, e inúmeras outras qualidades que possui. Sem dúvida me tornei uma pessoa muito melhor com o seu convívio e me alegro em poder fazer parte da sua história e da sua vida! Fico aqui torcendo para que Deus o abençoe e o proteja sempre em sua caminhada. Que o Gabriel possa ser sempre muito feliz e continue irradiando alegria para todos que tem a satisfação de poder conviver com ele. 

Rafael Rueda Muhlmann e o filho Gabriel Meyer Muhlmann
Rafael Rueda Muhlmann e o filho Gabriel Meyer Muhlmann

Isso novamente me fez refletir:

Você cria seus filhos para o mundo? 

Não é raro escutarmos mães e pais afirmarem que criam seus filhos para o mundo. Eles defendem técnicas assertivas, corretas e causadoras da felicidade futura do filho. Fiquei pensando seriamente no que essa afirmação, isso de criar os filhos para o mundo, e o que isso deveria significar.

Como seria criar o seu filho para o mundo? E como fazer isso corretamente? Será que existe uma fórmula? Fiz essas perguntas para alguns amigos, amigas, pais, mães, homens, mulheres que respeito por seus posicionamentos na vida. Algumas das respostas que escutei foram fundamentais para que eu entendesse melhor essa questão.

“Eu crio meus filhos para que sejam boas pessoas e capazes de viver bem com outras pessoas, dizer que os crio para o mundo seria estranho, pois sempre serão minha responsabilidade e não do “mundo”. A criação de nossos filhos interfere na vida de outras pessoas assim que se tornam seres sociais, a partir desse momento, tudo que passamos à eles passa a ser compartilhado com o mundo.” 

A verdade é que não há uma fórmula pronta. A criação de uma criança depende – e muito – dos valores da família onde ela está inserida. O que é bom para uma família pode não ser bom para outra. Então, o que eu quero nesta reflexão, é passar a importância de ter mais tolerância com a diferença e com quem pensa diferente de você. Se há gente que nem respeita os outros, acha que os outros têm de pensar como eles pensam, imagina como tratam os próprios filhos?

É muito importante ter padrões de conduta éticos e morais. Tratar bem as pessoas e ser bom para a humanidade,  é básico na educação de um ser humano. Mas basear sua verdade como verdade fundamental para todos é desumano, é intolerância com o diferente. É pré-conceito. E nesta época em que vivemos, precisamos desenvolver mais o respeito pelo próximo e pelo seu pensamento. Vejam bem, isso nem de longe significa que devemos todos pensar as mesmas coisas; é lógico que você tem opinião própria, tem seu jeito de pensar, sua educação e seus valores.

Assunto difícil porque falei aqui de duas coisas: uma, é que o filho não é sua propriedade. Outra, que a gente tem a mania de desrespeitar e não escutar as diferenças. Dois assuntos diferentes, mas que andam juntos na educação dos filhos. Como fazer? Como criar meu filho? Como eu faço pra passar o que eu penso e ainda respeitar o filho como diferente de mim e sem que ele tenha de satisfazer os MEUS sonhos e as MINHAS expectativas?

“Ao mesmo tempo em que me preocupo em fornecer instrumentos que permitam que meus filhos (Gabriel, João e Leopoldo) sejam autônomos e seguros, enfrento minhas batalhas na construção de um mundo mais acolhedor e inclusivo. Tenho uma percepção particular de quanto o “mundo” pode ser castrador e hostil no que diz respeito à empatia. O que devemos fazer a nossa parte, sempre ajudando, educando e transmitindo conhecimento para sedimentar a base de forma que as crianças consigam enfrentar as situações cotidianas com menos frustração. O esforço que a família deve desempenhar é para que os filhos sejam acolhidos pela sociedade em qualquer situação. Devemos não fazer de problemas particulares uma questão enorme e pesada sobre eles, porque eles conhecem apenas uma parte daquilo que ainda viverão. Com isso, eu acredito fornecer alguns dos instrumentos para despertar neles a atenção às necessidades alheias e acolhimento das diferenças dos outros. Ao mesmo tempo, acredito que fornecemos base para que eles consigam entender que a vida é feita de escolhas e que elas dependem unicamente de nós”.

Você já escuta o outro pensando em como corrigi-lo e convencê-lo a mudar o quanto antes de ideia? Ou, você é tolerante com o pensamento do outro? E escuta o outro como “um outro”?  As pessoas que acham suas verdades universais, tendem a respeitar menos o pensamento dos filho, sabiam? Como se o pensamento dos filhos ainda não valesse; inclusive algumas pessoas acreditam que nem o corpo dos filhos é realmente dos filhos, pois não respeitam as escolhas de roupas, cortes de cabelo, etc.

Os filhos podem e devem ser orientados, mas também devem ser ouvidos! Cada criança é única, tem tempos diferentes; umas são mais rápidas que outras, outras são mais tímidas que outras.

Realmente não é uma tarefa fácil, mas devemos criar os filhos para o mundo. Torná-los preparados, autônomos e libertos. Acredito muito naquele pensamento popular que diz que os nossos filhos são seres que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. 

Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.

Perder? Como? Sim, afinal não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo! Então, de quem são nossos filhos? Eu acredito que são de Deus, mas com respeito aos ateus digamos que são deles próprios, donos de suas vidas, porém, um tempo precisaram ser dependentes dos pais para crescerem, biológica, sociológica, psicológica e emocionalmente.

E o meu sentimento, a minha dedicação, o meu investimento? Não deveriam retornar em sorrisos, orgulho, netos e amparo na velhice? Pensar assim é entender os filhos como nossos e eles, não se esqueçam, são do mundo!

Volto para casa ao fim de cada dia de trabalho e fico pensando: puxa, como crescem rápido! Que bom seria ter mais tempo para os filhos e como seria bom se não fossem apenas um empréstimo! Sim, a verdade é que eles são do mundo. Mas o problema é que meu coração já é deles. Santo anjo do Senhor...

É a mais concreta realidade. Só resta a nós, pais, mães, avôs, avós, rezar e aproveitar todos os momentos possíveis ao lado das nossas 'crias', que mesmo sendo 'emprestadas' são a maior parte de nós!!!

A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver.

AMO VOCÊ MEU QUERIDO FILHO GABRIEL e desejo que esse ano seja especialmente repleto de boas experiências e muito aprendizado. Que Deus te abençoe e que sua vida seja repleta de muita paz, saúde, amos, prosperidade, sabedoria e proteção.

Rafael Rueda Muhlmann, pai de três maravilhosos filhos.

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